domingo, 22 de abril de 2012

Visita da poeta Nina Rizzi !


Numa conversa sobre imagens no FB, alguns poetas postaram seus poemas. 
Este poema da Nina é dessa safra, e me impressionou muito, pelas suas imagens vertiginosas, pela sensação de viagem o tempo todo. Ela escreve no blog Quandos . O poema, aí está:



[outra variação pra atravessamento, nina rizzi]


quando sexta adoeci, era noite baixa, o largo distante e vago
refém das ilusões perdidas, meti-me no coletivo
e deixei sacolejar no último banco a cabeça
em sincronia com as voçorocas, batendo forte na janela fechada

e como não escorresse sangue, corri
como se nas escadarias do chateau de nilda

luxúria, pó, a agonia encarnada no homem
que só me serve por ser bruto, arisco
pronto a me matar em espada, ferro e convulsão

pra rebentar os óculos, a insegura caverna
levitar até arder o esquecimento
preciso dessa dor que me atravessa os idos
e o invisível, me rasgando a carne, até o levitar

dos ossos com a terra, esvaziar-se, des-
ser.


2 comentários:

Mar Becker disse...

Adoro este texto da Nina... Ótimo espaço!!!

Nuno Rau disse...

Adoramos,Mar.
É um poemaço!
Bjo
Nuno