domingo, 13 de maio de 2012

poesia, língua, linguagem




Há de fato uma experiência da língua que, desde sempre, pressupõe as palavras - uma língua na qual nós falamos como se já tivéssemos sempre as palavras para a fala, como se tivéssemos sempre uma língua antes mesmo de tê-la (a língua que, então, falamos, não é jamais única, mas dupla, tripla, aprendida na sequência infinita das metalinguagens): em compensação, há uma outra experiência, na qual o homem está completamente desprovido das palavras face à linguagem. Esta língua, para a qual as palavras nos faltam e que, como a "língua gramatical" segundo Dante, não pode dissimular o fato de estar aí antes das palavras, sendo "só e primeira no espírito", é a nossa língua, dito de outra maneira, é a língua da poesia.

Giorgio Agamben, em Idée de l'unique. IN: Idée de la prose. p. 31.
Citado em Alberto Pucheu, Giorgio Agamben: poesia, filosofia, crítica. p. 109.

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